sexta-feira, 7 de outubro de 2016
Espelho, espelho meu
Parar na frente do espelho e se analisar. Escolher algum detalhe de sua aparência como foco de sua atenção. Rejeitá-lo. Querer ser diferente.
Já fiz esse exercício tantas vezes, que nem me lembro mais. E a prática leva a perfeição.
Só que hoje sei que as sardas que tenho vêm da minha mãe. E com elas, carrego minha mãe comigo, aonde for.
Hoje também sei que esses círculos escuros em volta dos meus olhos, trago da minha avó. E se pensar bem, se parecem com uma maquiagem natural, moldura pros olhos negros, que compartilho com minha irmã.
Sei que, se sou magrelo, meu pai também era na minha idade. E o bigode, que cismou começar a nascer quando eu tinha 12 anos também é dele...
E a cicatriz que tenho no nariz veio das férias, que passei com minha família em Caldas Novas.
Da minha outra vó vem o prazer de ficar acordado, até mais tarde, aproveitando os momentos de solidão que só a madrugada traz. E que desfruto enquanto escrevo estas linhas.
São todos "defeitos" que me definem. Que me conectam com a constelação dos meus. Que me fazem eu.
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