"Cidade planejada para o trabalho ordenado e eficiente, mas ao
mesmo tempo cidade viva e aprazível, própria ao
devaneio e à especulação intelectual, capaz
de tornar-se, com o tempo, além de centro de governo e
administração, num foco de cultura dos mais lúcidos
e sensíveis do país."
Lúcio Costa
Estou em meu quarto, recebendo o vento úmido que vem pela janela.
Me faz lembrar de uma das frases que uso quando me pedem pra me definir.
Quem é você?
Eu sou Gustavo e gosto do cheiro de terra molhada.
Do cheiro da terra molhada que vem depois da seca em Brasília.
Que invade meu quarto, misturado com o barulho dos carros passando na EPIA, perturbando o silêncio da madrugada.
Quando cheguei em Brasília, depois de dois anos morando fora, fiquei confuso. Tinha me esquecido de como Brasília era diferente, especial. Seca e árida.
A seca me sufocou, me fez espirrar. Fez meu nariz sangrar e ensaiou me presentear de volta minha asma.
Sentia o peso imenso dessa cidade, de sua solidão, seu afastamento.
É que saía às ruas buscando encontrar o que ela não poderia me oferecer.
É que procurava algo que não havia perdido aqui.
É que cada momento da nossa vida tem um ritmo.
E eu forçava meus passos em uma melodia diferente.
Mas agora... Agora estou em meu quarto, recebendo o vento úmido que entra pela janela.
Quem é você, Gustavo?
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