O primeiro livro que me deu aquela sensação
gostosa de desaparecer, de totalmente sumir e estar completamente na
história foi o "Relatos de um náufrago", de Gabriel Garcia Márquez. Era
uma leitura obrigatória para a minha 6a série e me parecia
um desafio. Era a primeira vez que tínhamos um livro de adultos e não
uma obra infanto-juvenil. Depois dessa primeira experiência eu quis ler
outro livro desse autor e mergulhei no "Cem Anos de Solidão". Esse foi meu
primeiro livro grosso, daqueles que ficam bonitos na estante. Com suas
centenas de páginas, eu não conseguia deixar de me admirar em como esse
escritor tinha tanto a me dizer. Também fiquei muito surpreso por
experimentar sentimentos e emoções que nunca haviam passado por mim. Um
dos sentimentos que experimentei pela primeira vez com esse livro, aos
12 anos, foi uma certa melancolia ou nostalgia. Em português chamamos de
saudades, mas é um tipo diferente de saudades. Ao ver a vida passando
na pacata Macondo e as gerações se superando eu comecei a sentir saudade
de minha vida. Saudade de tudo aquilo que ainda não tinha passado. Com
12 anos já tinha saudade de minha faculdade que cursaria e de meu
primeiro amor. Sentia saudade dos meus filhos e de meus pais. Posso
dizer que esse sentimento de saudades do que não vivi está aqui até hoje
e provavelmente já existia em mim antes de Gabriel passar por minha
vida. O importante foi que ele consegui colocar em palavras algo que eu
sequer havia percebido que tinha dentro de mim. Por isso considero
ele um gênio e sou grato por seus livros. Vá com Deus, Gabo!
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